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HIPOCRISIA NO ACNUR?

  • Writer: Comitê de Imprensa
    Comitê de Imprensa
  • May 17, 2024
  • 2 min read

Como países conservadores estão se posicionando em relação ao abuso sexual de mulheres.

Por Isabella Ribeiro e Isabela Maleah


Na recente conferência ACNUR, o foco central foi o uso do abuso sexual contra mulheres como arma de guerra. Representantes de diversos países, incluindo os mais conservadores e tradicionalmente menos progressistas em relação aos direitos das mulheres, demonstraram uma preocupação incomum com essa grave violação dos direitos humanos, comprometendo-se a buscar soluções eficazes para erradicar essa prática.


da direita para a esquerda, Marianna Goulart, Ana Beatriz Belisário e Luca trezzi

As sessões iniciais foram marcadas por discursos e apelos por ações concretas. Delegados de países conhecidos por suas políticas rígidas em relação às mulheres, destacaram a necessidade de uma resposta global unificada para proteger as vítimas e punir os responsáveis. Entretanto, a solidariedade foi rapidamente interrompida por uma crise inesperada. Uma refugiada afegã, vítima de abuso sexual em seu país de origem, fugiu para a Austrália em busca de segurança e melhores condições de vida, diante dos traumas psicológicos e frustrações por não ter sido ouvida e defendida, ela denunciou que não encontrou o apoio necessário no país que a acolheu, expondo graves deficiências no sistema de proteção australiano.


  A situação desencadeou uma troca violenta de acusações entre os delegados. O representante de Israel, em um discurso contundente, criticou penosamente tanto o Afeganistão quanto a Austrália cobrando posicionamentos em relação ao ocorrido, além de políticas públicas que prezam por uma maior segurança às mulheres. A resposta afegã foi imediata e defensiva. A representante do Afeganistão ao conversar com a imprensa acusou Israel de explorar a situação para desviar a atenção de suas próprias controvérsias, criticando a ocupação de territórios palestinos. "Israel não está em posição de nos acusar, considerando suas próprias violações contra os direitos humanos no atual século XXI" .


O embate ressaltou a ironia e a complexidade da situação: países com históricos de violações de direitos humanos se engajando em críticas mútuas, expondo a dificuldade de se alcançar uma postura verdadeiramente unificada. Delegados de outros países conservadores, geralmente alinhados, encontraram-se numa posição desconfortável, mediando o conflito enquanto evitavam que sua própria reputação fosse questionada.


Ao final da sessão, a conferência destacou a necessidade urgente de não apenas reconhecer o problema do abuso sexual como arma de guerra, mas também de garantir que os países que oferecem refúgio estejam plenamente equipados para apoiar as vítimas. A controvérsia evidenciou que, embora haja um consenso teórico sobre a gravidade da questão, a prática de proteção e apoio às vítimas ainda está longe do ideal, exigindo esforços concretos e colaborativos entre todas as nações.

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